A Cinemateca do mês de outubro apresenta uma ampla e diversificada mostra de documentários para instigar o debate crítico em relação à forma como é disputada a ocupação do espaço brasileiro.

 

 

Uma perspectiva para olhar as formações sociais é a maneira como ocupam o espaço e gerenciam os recursos naturais. A constituição do ideal de nação brasileira é fortemente marcada por ondas de violência e conflitos que ainda persistem, a exemplo de genocídios indígenas e desmantelamentos de quilombos. Das comunidades ribeirinhas às concentrações urbanas, passando por catástrofes ambientais, o problema se atualiza. A Cinemateca do mês de outubro apresenta uma ampla e diversificada mostra de documentários para instigar o debate crítico em relação à forma como é disputada a ocupação do espaço brasileiro.

 

 

Dia 2 de outubro

Matriz Tupi – O Povo Brasileiro. Isa Grinspum Ferraz, 26’, 2001, Brasil.

"Brasil" é palavra que pertence à toponímia utópica dos tempos medievais, designando uma ilha de sonho, terra da felicidade imaginada. O primeiro registro que se conhece do vocábulo está numa carta náutica elaborada em 1325 pelo genovês Angelo Dalorto, ou seja: o nome "Brasil" já comparece em mapas quando ainda faltavam 175 anos para a armada cabralina avistar o Monte Pascoal. C. I.: Livre

A Sombra de um Delírio Verde. An Baccaert, Cristiano Navarro e Nicola Muñoz, 29’, 2012, Argentina, Bélgica e Brasil.

Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. C. I.:

Brasil Caboclo – O Povo Brasileiro. Isa Grinspum Ferraz, 26’, 2001, Brasil.

Na área de floresta tropical da bacia amazônica, desenvolveu-se uma cultura de forte base indígena. "Toda a área era ocupada, originalmente, por tribos indígenas de adaptação especializada à floresta tropical. A maioria delas dominava as técnicas de lavoura praticadas pelos grupos Tupi do litoral atlântico, com que se depararam os descobridores. Em algumas várzeas e manchas de terra de excepcional fertilidade e de fácil provimento alimentar, através da caça e da pesca, floresceram culturas indígenas do mais alto nível tecnológico, como as de Marajó e de Tapajós, que podiam manter aldeamentos com alguns milhares de habitantes"(Darcy Ribeiro). C. I.: Livre

A Sede do Capital - A luta pela água no oeste da Bahia. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, 22’, 2017.

Não é de hoje que as riquezas naturais da região do Oeste da Bahia estão em disputa. Populações ancestrais de ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas, comunidades tradicionais de “Fechos de Pasto” têm enfrentado todo o tipo de violência para defender seu território, a água, o cerrado, a vida e sua própria existência. C. I.: Livre

 

Dia 9 de outubro

Matriz Afro – O Povo Brasileiro. Isa Grinspum Ferraz, 26’, 2001, Brasil.

Negros da chamada civilização tropical africana aparecem como uma das principais vertentes do alados processo de construção da sociedade e da cultura brasileiras. Envolvidos no maior movimento de migração compulsória de que se tem notícia, em toda a história da humanidade. C.I.: Livre

Brasil Crioulo – O Povo Brasileiro. Isa Grinspum Ferraz, 26’, 2001, Brasil.

Num extremo extranordestino, o Brasil Crioulo vai incluir o Rio de Janeiro. No extremo amazônico, a ilha de São Luís do Maranhão, com seus fortes traços afro-ameríndios, seu tambor de mina e seu bumba-meu-boi, ponto de passagem ou zona de transição entre a cultura negromestiça e a cultura cabocla que se estende para o Norte em meio a florestas e igarapés. C.I.: Livre

Terras de Quilombo – Uma Dívida Histórica. Murilo Santos, 51’, 2003.

A situação das comunidades quilombolas do município do Alcântara (MA), uma das regiões do país que concentra maior número de comunidades descendentes de quilombos. As dificuldades enfrentadas pelas comunidades locais devido à falta de acesso às terras cultiváveis, após a implantação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), um centro de lançamentos de foguetes. C. I.:

 

Dia 16 de outubro

Belo Monte – Depois da Inundação. Todd Southgate, 53’, 2016.

Ao longo de sete anos, o cineasta ambiental Todd Southgate, viajou diversas vezes à Amazônia para documentar conflitos em torno de Belo Monte e, mais recentemente, a resistência dos povos do Tapajós. C. I.:

Brumadinho – quando o Lucro Vale Mais. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, 34’, 2019.

No dia 25 de janeiro de 2018, a Companhia Vale do Rio Doce cometeu mais um crime, desta vez em Brumadinho-MG, matando centenas de pessoas, e destruindo mais um rio, o Paraopeba, que abastecia mais de 2,3 milhões de pessoas e desagua no Rio São Francisco, para onde segue a lama e a contaminação. C. I.:

Rio de Lama. Tadeu Jungle, 9’, 2016.

Documentário de curta-metragem realizado em Realidade Virtual sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, MG. O filme mostra o que restou da vila de Bento Rodrigues e contrapõe a paisagem arrasada com as alegres memórias de seus moradores. C. I.:

 

Dia 23 de outubro

Fordlândia. Marinho Andrade e Daniel Augusto, 49’, 2008.

Tudo começou quando o magnata Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística, decidiu libertar-se da dependência da borracha importada da Malásia.
Em 1928, Ford estabeleceu uma nova cidade em plena região amazônica, perto de Santarém, para abrigar seus trabalhadores e plantar novas seringueiras. Nascia assim Fordlândia. C. I.: Livre.

Jirau e Santo Antônio – Relatos de uma guerra amazônica. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, 66’, 2016.

"No meio da Amazônia existem pessoas e essas pessoas falam. E se as pessoas não falarem, o rio vai falar". Prostituição infantil, contaminação da água, centenas de quilômetros de árvores mortas, toneladas de peixes assassinados, milhares de famílias desabrigadas e sem emprego. Parece que o progresso prometido pelas construções das Usinas Hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia, passou longe daquela região. C. I.:

 

Dia 30 de outubro

A Criminalização do artista – Como se fabricam marginais em nosso país. Rafael Lage, 17’, 2011.

Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de política repressiva de caráter criminal.

À administração municipal, polícia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da ressignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Limpam com fogo. César Vieira, Conrado Ferrato e Rafael Crespo, 84’, 2016.

A epidemia de incêndios em favelas na cidade de São Paulo e a relação com a especulação imobiliária. Entre análises de especialistas e depoimentos marcantes das vítimas, o filme investiga os reais motivos por trás da seletividade do fogo, e explora a relação entre empresas do setor imobiliário e os vereadores que participaram da CPI dos Incêndios em Favelas na Câmara dos Vereadores de São Paulo. C. I.: 14 anos.

Pinheirinho, a história real. Equipe de WEB de O VALE, 19’, 2012.

Momentos captados antes, durante e depois do cumprimento do mandado de reintegração de posse. Os reflexos da ação, que foi determinada pela Justiça e conduzida pela Polícia Militar. A área do antigo acampamento possui cerca de 1 milhão e 300 mil metros quadrados e pertence à massa falida da empresa Selecta (que pertencia a Naji Nahas). Subutilizado durante décadas, o local foi invadido em 2004. Cerca de 5.500 pessoas residiam no Pinheirinho, que foi a maior ocupação de sem-teto de toda a América Latina. C. I.: